Já
vai
fazer 2 anos, desde o ultimo filme indiano que vi (Delhi Belly), e
já estava a sentir falta deste cinema. Hoje esta falta me levou a
ver “Udaan”, um filme que estava na minha lista, há 3 anos desde
a sua estreia. Só posso dizer que a escolha não teria sido melhor,
descrever “Udaan” torna-se uma tarefa quase impossível, colocar
em palavras os sentimentos que este filme me trouxe seria como
avistar o vento ou tocar o céu. Nestas horas queria ter o dom da
palavra para transmitir, a dor, a angústia, a perseverança, o
sonho, a liberdade, o amor, sentimentos estes que me invadiram e
fez-me chorar desalmadamente durante as 2 horas da sua duração.
Primeiro filme do realizador Vikramaditya Motwane, cujo o talento
podemos ver no argumento do filme Dev. D, o filme recebeu óptimas
críticas e foi selecionando para certain regard no festival de
cannes de 2010.
Plot:
Rohan (Rajat Barmecha) volta para casa após 8 anos, depois de ser expulso do colégio
interno onde estudava. De volta à casa paterna ele vê-se
confrontado a seguir as regras e ordens de um pai violento,
autoritário e alcoólatra. Além desse facto é confrontado pela
presença de um meio-irmão pelo qual nem sabia da sua existência.
Oito anos num colégio interno, e nenhuma visita do pai. A mágoa é
grande e a dor aumenta ainda mais quando encontra a intolerância a
reinar em casa.
A
intolerância dos pais nas escolhas profissionais dos filhos parece
um tema bastante dominante naquele lado do atlântico e a índia é
um dos países onde é mais visível a influencia dos mais velhos
sobre o futuro dos filhos. É um factor cultural, desde o casamento
às escolhas profissionais são proferidos pelos mais velhos. Não há
direito em trilhar o caminho mas sim desbravar, a passos
acorrentados, os planos dos pais, a seguir os sonhos dos mesmos. Ter
opinião, sonhos próprios? É melhor desistir, pois os mesmos serão
chacinados. Mas apesar de estarmos a falar da India, o tema é
universal, mesmo no ocidente muitas das escolhas são ditas pelos
pais. O tema do filme já foi retratado em vários outros, como no
belíssimo Taare Zameen Par ou no inesquecível 3 idiots, mas Udaan
enche-nos de dor e de esperança ao fazer-nos acreditar que há
sempre uma luz no fim do túnel, onde somos livres, livres de poder
sonhar e acreditar que o impossível pode tornar-se possível.
A
Índia é conhecida como um dos países, com maior percentagem de estudantes de
engenharia, todos os pais querem que os filhos sejam engenheiros ou
médicos, assunto já referenciado no filme 3 idiots. A pressão é
tão grande que as vezes levam a consequências graves. Quando é que
os filhos deixarão de ser vistos apenas como investimento bancário?
Será assim tão difícil um pai aceitar o filho como ele é, sem
cobrar ser o melhor.
Em
Udaan, Rohan vê seus sonhos serem massacrados dia após dia, ao ser
obrigado a assumir o negócio do pai e seguir a carreira de
engenharia. A violência reina na casa e a palavra amor é
desconhecido pelo dicionário. Mas a mensagem mais importante que
este filme passa, além de seguir os sonhos, foi a coragem de se
libertar e mergulhar no desconhecido, no universo da independência.
Medo, receio? Isto tudo faz parte do crescimento e amadurecimento.
Udaan significa voar, voar rumo à liberdade, um grito de liberdade.
“Se
pudesses ver a enseada, saberias o que eu penso,
Se
pudesses ouvir as ondas, saberias o que eu penso,
Remova
seu véu de obstinação, e olhe além da janela,
Se
enxergares além do convencional, saberias o que eu penso,
Se
tivesses fé em ti como eu tenho, caminharias sorrindo comigo,
Se
pudesses ver as cores que eu vejo, caminharias sorrindo comigo…”
A
banda sonora foi impecável e maravilhosa, as letras das músicas
mais pareciam poemas e sempre estavam associados ao tema principal do
filme. Posso dizer que a banda sonora foi uma das melhores que já ouvi
num filme. Infelizmente não consegui arranjar nenhum video com as letras das músicas.
Só de ver o trailer as lágrimas já me vem aos olhos, só consigo achar uma palavra para descrever o filme, INSPIRADOR.
Engraçado
que nestes últimos dias só tenho vistos filmes com mensagem
inspiradora. “The Happy Life” e “Udaan” são filmes que emocionam
e deixam uma mensagem primoroso sobre a vida, simplesmente quem não
sonha já está morto. Quem me dera ter a capacidade de escrever
estórias que conseguem emocionar milhões e inspirar as mais
diversas almas. Um must see obrigatório.
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